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FOTOS: Luciney Martins |
jornalismorenata@gmail.com
“Eu
moro no bairro de Pinheiros. Acordei
cedo, peguei o ônibus e vim até aqui
em Pirituba expressar a minha fé em
Nossa Senhora Aparecida. É ela que me
dá forças, me sustenta, me concedesaúde
e paciência. Todos os dias pela manhã, eu
rezo o Terço para Nossa Senhora, agradecendo
todas as graças que ela me
dá diariamente, sobretudo na ajuda no
cuidado com a minha sogra, de 93 anos”,
expressou Norma Grolla Zuccari, 73,
emocionada, durante a chegada da imagem
peregrina de Nossa Senhora Aparecida,
na ponte do Piqueri, na zona Noroeste
de São Paulo.Na
segunda-feira, 12, em que se comemorou o
Dia de Nossa Senhora Aparecida, a
Padroeira do Brasil, a Arquidiocese de
São Paulo realizou a 12ª edição do projeto
“Tietê Esperança Aparecida”, com a
peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida
pelas águas do rio Tietê.O
projeto teve início em 2004, por iniciativa do
Padre Palmiro Carlos Paes, atual administrador
paroquial na Paróquia Santa Cristina,
na Região Ipiranga, motivado pela
Campanha da Fraternidade daquele ano
“Fraternidade e Água – Água fonte de vida”,
com o objetivo de expressar a fé em Nossa
Senhora e conscientizar a população e
as autoridades sobre a importância da
despoluição do rio Tietê. Neste
ano, as atividades começaram em
25 de setembro, com a realização de missa
no Santuário de Aparecida, seguida da
peregrinação da imagem de Nossa Senhora
até a nascente do rio, em Salesópolis (SP).
No dia 12, a imagem peregrina foi
levada em uma pequena embarcação pelas
águas do rio Tietê, partindo da
Barragem da Penha, às 7h30, e chegando à
ponte do Piqueri, às 9h, onde era
aguardada por centenas de devotos. Na
chegada, Padre Palmiro a entregou a
Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar
da Arquidiocese na Região Brasilândia.
Após dar a bênção sobre as águas
do rio, o Bispo conduziu a imagem em
procissão no meio das pessoas que estavam
na Ponte.
‘Há vida e esperança no rio Tietê’
Padre
Palmiro, em entrevista ao O SÃO
PAULO, relatou o que viu durante a
procissão pluvial. “Navegando pelo rio Tietê,
desde as 7h, vimos uma imagem triste,
mas, ao mesmo tempo, se percebe uma
luta, ainda devagar, para despoluir o
Tietê. Jogados no rio, havia sofás, peças de
carro, de motos, geladeira e muito lixo,
mas também há vida e esperança: alguns
animais ali sobrevivem como aves
e garças. Vimos até três capivaras bebendo
daquela água, tentando sobreviver. Encontramos,
também, pessoas tomando
banho nas barrancas do Tietê, dos
córregos poluídos”. Segundo o Sacerdote, é
importante lembrar todos os anos
as autoridades de que o rio precisa ser
despoluído, e a despoluição do Tietê somente
se dará com muita perseverança de
todos. O
projeto “Tietê Esperança Aparecida” tem
apoio do Departamento deÁguas
e Energia Elétrica do Estado de São
Paulo (DAEE). “Temos que voltar a ver
o rio Tietê como presente de Deus e não
só como esgoto da cidade”, expressou Padre
Palmiro.
Em sintonia com a 'Laudato si’
O apelo do Papa Francisco no cuidado com
o meio ambiente, direcionado a
todos, na carta encíclica Laudato si’, vem
ao encontro da proposta do projeto “Tietê
Esperança Aparecida”, conforme analisou
Dom Devair. “A casa comum é
o meio ambiente. Assim o Papa Francisco nos
convida a refletir como é que estamos
cuidando da nossa casa? A Laudato si’
desperta em nós esse desejo do cuidado,
mas também do compromisso, de
cada um fazer a sua parte para despoluir o
rio”, disse à reportagem.
A expressão de fé dos devotos da Mãe Aparecida
Durante
a carreata em que a imagem foi
conduzida da ponte do Piqueri à Catedral da
Sé, muitos fiéis expressaram a devoção
a Nossa Senhora Aparecida.“Vimos
pessoas em situação de rua, olhando
para a imagem, como quem diz:‘Mãe,
olha para mim, veja minha situação e
meu sofrimento’. Assim como um senhor
que se ajoelhou na calçada, enquanto a
imagem passava”, relatou Padre Palmiro. Dom
Devair presidiu a missa solene na
Catedral da Sé, na primeira participação no
Projeto “Tietê Esperança Aparecida”. O
Bispo relatou essa vivência com ao
povo. “Uma expressão genuína, autêntica, da
fé do nosso povo. Na confiança, aos
pés de Maria, eles depositavam suas
preces. O Documento de Aparecida nos
fala que nas expressões populares da fé,
existe um lugar de encontro com Cristo.E
Maria, neste dia, nos fez encontrar-se com
Ele".
Nas Crianças, o futuro do Tietê
Dom
Devair, no encerramento da missa,
convidou as crianças a subirem no
presbitério para receberem uma bênção especial.
“Iluminados pelas palavras de
Maria, ‘Fazei tudo que Ele vos disser’, que
desperte no coração de todos nós o desejo
do compromisso e da transformação. "Que
um dia essas crianças que aqui
estão possam olhar para o rio Tietê e
dizer: hoje nós vimos a vida desse rio. Que
o nosso compromisso seja também com
essas crianças, com o futuro e com o
mundo que vamos deixar para elas”. E finalizou:
“que um dia, possamos celebrar a
despoluição do rio, como fruto da nossa oração e do nosso trabalho”.
Reportagem publicada no Jornal O SÃO PAULO edição 3073 de 14 a 20 de Outubro de 2015