"O Projeto Gol da Conquista já era
um sonho do coração de Deus" , são as primeiras palavras de Sandro Gaúcho,
em entrevista cedida na sede do projeto social Gol da Conquista, em Santo
André, no sábado, 14 de julho de 2012.
A iniciativa é coordenada pelo ex-jogador
de futebol Sandro Gaúcho, considerado um dos maiores ídolos do Santo André,
time pelo qual marcou 58 gols. “Eu tinha no meu coração um desejo de fazer
um trabalho social alinhado com a minha aposentadoria”, relata Sandro.
O trabalho começou em maio de 2011, com o apoio da Igreja Plenitude
Cristã e de seus membros. Sandro procurou um campo que fosse adequado para
iniciar o seu sonho. Por indicação de conhecidos, chegou até o clube da
Associação Atlética Náutico, localizado no Parque Erasmo Assunção, região
periférica de Santo André.
O diretor do Clube, Sérgio Antônio Perseguetti afirma que esta é
uma parceria que deu certo. “Recebemos a ideia do projeto e vimos que era algo
bom, de cunho social e sem fins lucrativos que visava principalmente afastar as
crianças da violência e das drogas”, diz.
A base do projeto é a escolinha de futebol, que atende aproximadamente
180 crianças e jovens, de 5 a 18 anos. Os treinos acontecem aos sábados pela
manhã. Frequentar a escola é o principal critério para participar do projeto.
Os coordenadores acompanham de perto o desenvolvimento escolar da garotada.
Bruno Souza de Carvalho tem 17 anos e participa do Gol da Conquista
desde o início. Ele conta que joga futebol desde pequeno e sonha em ser jogador
profissional. “Com o projeto eu já consegui participar de peneiras em alguns
clubes da região, isso para mim é muito importante, já é uma oportunidade”,
relata confiante.
Enquanto isso não acontece, o jovem treina bastante, sem esquecer dos
estudos. Aos finais de semana, também trabalha em um buffet. O Gol da Conquista
já é reconhecido por sua contribuição ao desenvolvimento social da
comunidade, pois o projeto não visa apenas o futebol, mas oferece às crianças e
às suas famílias apoio social, cultural e psicológico.
Para as mães da comunidade são oferecidas aulas de artesanato, nas quais
aprendem a fazer bordados, pedrarias e bijuterias. Elas vendem os produtos como
forma de completar a renda mensal. Regina Aparecida Silva, que faz parte da
equipe de coordenação do projeto, relata a importância destas aulas. “Temos
aqui histórias de mulheres que se curaram de depressão depois que começaram a
participar das aulas de artesanato”.
Dentro do projeto também há espaço para aulas de dança. Cerca de 30
meninas e meninos participam desta atividade. As aulas de informática e inglês
estão suspensas por falta de voluntários e equipamentos, mas em um futuro
próximo, a coordenação pretende retomar estas atividades junto com as aulas de
reforço escolar.
O projeto não recebe nenhum tipo de apoio financeiro nem do Estado, nem
da Prefeitura. Atualmente, eles sobrevivem das doações de empresas, políticos e
de pessoas da sociedade civil.
Atualmente, o campo de futebol precisa de melhorias, pois grande parte
do terreno é de barro e, quando chove muito, as crianças são impedidas de
jogar. É preciso também cercar o campo com alambrados, investir em
uniformes, bolas e materiais. Tudo isso precisa de ajuda financeira.
Sandro Gaúcho é otimista ao falar do futuro. “Nosso desejo é que o Gol
da Conquista cresça e que tenhamos parceiros fixos para poderemos atender a um
número maior de crianças”, relata. Por enquanto, o projeto não está recebendo
novas inscrições devido ao grande número de alunos atendidos.
" O nosso sonho é que o projeto cresça ainda mais",
encerra Sandro .